segunda-feira, 28 de junho de 2010

SOBRE MIM




Se você deseja que eu tome posições, acerca de algo significativo ou não. Anote em seus papéis, faça-me assinar e ainda registre sua veracidade, ou à fé de um tabelião em cartório. Porém, mesmo lendo posteriormente, posso nem relevar.
Se você marca algo comigo e digo: “não vou”! Verdade e acredite, prefiro ser sincero e nosso relacionamento não se baseie numa mentira. Se afirmo que vou, certamente nem eu apareça! Então, não espere respostas, promessas, premissas e nada de mim.


(RODRIGO DE OLIVEIRA)

sábado, 19 de junho de 2010

TRÊS





Imensidão de certezas incertas.
Das razões adolescentes, sou feito homem.
Implodido em sonhos trancados,
em sótãos sacros,
de falsas impressões.

Hoje,
é aniversário das minhas paixões cingidas.
E minhas barbáries foram reprimidas.

Sou o meu traidor!
Sou eu o Leão da Tribo:
quem atravessou os tresvarios da poesia
e todas as psicoses e lendas suicidas.

A quimera dos vinte,
consiste na eterna busca do erro
- saudável jogo da morte,
sem o abrigo angelical do medo.

Eu sei, tudo foi à toa!
essa fração de mim se foi.
Foi muito boa!


(RODRIGO DE OLIVEIRA)

sábado, 12 de junho de 2010

TODA HAVIA




Como vai,
Letróloga?

ENTRE-LINHAS,
fumaças,
espartilhos,
carreiras,
profecias?!

Danças bacante antropofágica.
Subjugada à modernas montagens
e encarnações
de Baco ou Dionísio.

Patetisa transviada,
onde deitas teu fumo
e recreias teu sorriso?

Onde espantas tuas audaciosas
prosas delirantes?

Vim lhe avisar,
Fada Fumante:
tranquei o meu futuro,
com o pesar e a castidade compulsória,
ao ter de ler Fregue, Platão e Kant.

Vá em frente,
veja,
tome!

Conte-me o que antes,
jamais foi meu.

No tempo,
este trono pirotécnico,
será teu!

Antes de me ir,
dispenso-te
trágicos escarros licenciosos,
anárquicos,
anti-escrituais.

Tão dispersos,
unívocos e efusivos,
como as pulsões e liras primevas
e os cantos iluminados rousseanianos,
que estravam foneticamente,
uma felicidade inaudita.

Mas houvera à desconstrução
do primeiro fonador,
numa vilania metafísica!

Acerca de suas dissertações histórico-linguísticas,
a qual povoou,
noutras durações,
à Terra,
e suplementou epopeicos mitos.
Pré-fenomenológicos,
logicistas,
sem quaisquer significantes
e conjunções adversativas.

Onde ascende,
Letróloga,
teus cigarros invertidos agora?

Onde te esgotam,
Fada,
os rastros pré-estilisticos?

Houvera os que refutaram as deidades,
Deus e o pensador,
tornando-te mártir dos sistemas,
da falibilidade,
do nous.
Verdade?


(RODRIGO DE OLIVEIRA)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

AOS MEUS ANÕES




Quando matei os meus anões
nos confins da Lombardia,
não verifiquei com Marighella,
Curcio, Stalin, Trotsky,
Rosa Luxemburgo,
ou mesmo inquiri Getúlio,
se assinar uma chacina na História,
eu poderia.


(RODRIGO DE OLIVEIRA)

quinta-feira, 3 de junho de 2010

UMA SOCIAL




Canja de galinha,
vinho
e cigarrinho,
não faz mal a ninguém.

Eita!
Não perturbe:
“A felicidade dorme de lado”.
Assim,
disserta o Pajé do Mundo
- um velho eunuco,
angélico,
sifilítico e puro.
Aspira,
nauseamoribundo,
gases no escuro.

Galinha quente;
rabo de galo;
rabo de gente.

Salvas sobras
de farelos ordinários.
Vão bem também.
Amém!



(FELIPE REY & RODRIGO DE OLIVEIRA)